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28 de setembro de 2016

#RESENHA - O demônio na Cidade Branca por Erik Larson

Título: O Demônio na Cidade Branca
Autor: Erik Larson
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
Idioma: Português
ISBN: 9788551000038
Ano de Lançamento: 2016

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SINOPSE: Assassinato, magia e loucura na feira que transformou os Estados Unidos
No final do século XIX os Estados Unidos eram uma nação jovem e orgulhosa, ávida por afirmar seu lugar entre as maiores potências mundiais. Nesse contexto, a Feira de Chicago de 1893 teve papel fundamental: com o objetivo de apresentar a maior e mais impressionante exposição de inovações científicas e tecnológicas já idealizada, coube ao arquiteto Daniel Burnham, famoso por projetar alguns dos edifícios mais conhecidos do mundo, a difícil tarefa de transformar uma área desolada em um lugar de magnífica beleza: a Cidade Branca. Reunindo as mais importantes mentes da época, Burnham enfrentou o mau clima, tragédias e o tempo escasso para construir a enorme estrutura da feira.
A poucas quadras dali, outro homem igualmente determinado, H. H. Holmes, estava às voltas com mais uma obra grandiosa, um prédio estranho e complexo. Nomeado Hotel da Feira Mundial, o lugar era na verdade um palácio de tortura, para o qual Holmes atraiu dezenas, talvez centenas de pessoas. Autor de crimes inimagináveis, ele ficou conhecido como possivelmente o primeiro serial killer da história americana.
Separados, os feitos de Burnham e Holmes são fascinantes por si só. Examinadas juntas, porém, suas histórias se tornam ainda mais impressionantes e oferecem uma poderosa metáfora das forças opostas que fizeram do século XX ao mesmo tempo um período de avanços monumentais e de crueldades imensuráveis. Combinando uma pesquisa meticulosa com a narrativa envolvente que lhe é característica, Erik Larson escreveu um suspense arrebatador, que se torna ainda mais assustador por retratar acontecimentos reais.



Pessoal, que livro sensacional. Erik Larson escreveu uma história original, com várias citações diretas dos personagens e tudo foi muito bem montado. Erik fez uma pesquisa a fundo nas bibliotecas onde se encontrava relatos de histórias aqui descrita, assim como também teve acesso ao depoimento do Serial Killer, H.H. Holmes.
Nasci com o diabo em mim. Eu não conseguiria escapar da sina de ser um assassino, assim como o poeta não poderia escapar da inspiração para cantar. - Dr. H.H. Holmes. Confissão, 1896.
O livro é basicamente contado pela visão de H.H. Holmes, assim como o arquiteto Burnhan, responsável pela construção da Feira Mundial de Chicago. Eu, como arquiteta, me emocionei em várias partes com os detalhes vívidos do processo de planejamento dos projetos, até a sua construção. Cada detalhe é explicado com perfeição, e para quem não é da área, as vezes pode se tornar monótono. Em muitas passagens são mostrados arquitetos famosos que tive o prazer de estudar na faculdade, um deles é Frank Lloyd Wright, citado no livro pelo arquiteto Lois Sullivan como uma pessoa mau caráter, o qual foi demitido por descobrir que "em seu tempo livre o homem vinha projetando casas para seus próprios clientes" no escritório de Sullivan. Engraçado ouvir isso, porque Lloyd se tornou um dos mais famosos arquitetos estadunidense. 

É claro que até eu mesma como arquiteta senti que o livro foi contado bem devagar e muitas partes se tornaram monótonas, porque eu queria que as narrativas feita por Holmes fossem mais demoradas, quiçá até mais detalhadas. Porém, Holmes não confessou tudo que fez, como foi percebido durante as investigações, o que pôde ter complicado um pouco a compilação da história. 

Holmes era uma pessoa bem afeiçoada e querida por muitos, embora caloteiro, como se percebe depois de alguns capítulos. Muitas mulheres caíam em seu charme, muitos credores desistiam das cobranças pelo seu carisma. Holmes era uma pessoa extremamente manipuladora de forma sutil. 

...uma máquina de reflexo condicionada de modo sutil que é capaz de imitar perfeitamente a personalidade humana... tão perfeita é sua reprodução de um homem completo e normal que ninguém que o examine num ambiente clínico pode mostrar, em termos científicos e objetivos, por que ou como ele não é real.
A escrita em si não é muito fácil. Apesar do livro ter sido escrito em 2002, a história é passada em 1893 e como o livro é repleto de citações diretas, o autor escreveu com a mesma distinção linguística da época. Para mim, isso torna o livro ainda mais real do que já é. Algumas pessoas poderão achar a linguagem um pouco complicada, mas é nela que está a beleza da narrativa complexa e sensacional do autor. Fui lendo devagar e saboreando tudo o que o autor pôde juntar para construir uma imagem mais real possível na nossa imaginação.
Dói saber que na época a fotografia não era uma realidade que se é hoje, então muito da Feira é apenas imaginação para nós.

Alguns irão perguntar, mas Anne, o que a Feira tem a ver com o Serial Killer, H.H. Holmes? Tudo e nada. Nada porque ele não cometeu nenhum crime em si dentro da feira mundial e tudo porque foi com a oportunidade da chegada de muitos visitantes vindos para ver a feira, que tudo foi arquitetado pela mente brilhante e loquaz do nosso assassino.   
Um repórter perguntou ao major McClaughry se a feira de fato atrairia elementos criminosos. Ele hesitou por um estante e depois respondeu: Acho absolutamente necessário que as autoridades daqui se preparem para fazer face à maior congregação de criminosos jamais reunida neste país. 
E foi o que aconteceu. O número de crimes e de pessoas desaparecidas, foi descomunal. 

Dando voz à arquitetura que se é muito explorada no livro, percebi que desde muito tempo, há uma rixa entre arquitetos e engenheiros. De fato é algo que beira ao cômico. Nesta época a arquitetura começou a ganhar importância, dado ao empenho dos arquitetos em busca de novos tipos de construção, ao passo que a engenharia não tenha tido seus dias de glória. Dito isso, Daniel Burnham acusou-os de: "terem dado pouca ou nenhuma contribuição, não criando novas características, nem mostrando as possibilidades do exercício da engenharia moderna nos EUA.

Na construção da Feira também houve mortes, não por crimes, mas por erros de projetos. O Edifício da Conservação a Frio, ironicamente pegou fogo, matando muitos bombeiros cruelmente. "Nunca uma tragédia tão terrível foi testemunhada por um mar tão vasto de rostos em agonia".


Não tem como deixar de mencionar o destino da Feira depois da Exposição, já que os custos de manutenção dos edifícios eram exorbitantes e sem uso não seria viável manter os prédios erguidos. A destruição da Feira seria iminente. E os empregados? Qual foi o destino deles? 
A Cidade Branca tinha atraído e protegido operários; a Cidade Negra agora os recebia de volta, às vésperas do inverno, com poluição, fome e violência.
A Feira teve um grande impacto na arquitetura mundial com grandes inovações arquitetônicas, principalmente na eletricidade, um dos motivos pelos quais a feira foi chamada de Cidade Branca: "houve mudança na forma como os americanos viam suas cidades e seus arquitetos. Ela deixou os Estados Unidos inteiros - não apenas alguns patronos da arquitetura - preparados para pensar nas cidades de uma forma que nunca tinham pensado".
A Feira despertou os Estados Unidos para a beleza e, neste sentido, foi uma passagem necessária, que preparou o terreno para homens como Frank Lloyd Wright e Ludwig Mies van der Rohe. 
Deixando de lado a parte arquiteta em mim e deixando emergir a leitora, deixo aqui o meu repúdio a esse primeiro Serial Killer que se tem notícia dos EUA. Ele era movido a dinheiro, e como médico, aprendeu a descarnar os cadáveres de suas vítimas e vendia os esqueletos para a Universidade como forma de obter lucro. Não só isso, ele tinha prazer de ter mulheres em suas mãos, dependentes dele, para depois agir como assassino. Ele matou mulheres, homens e até crianças. Não se tem certeza da quantidade de pessoas que ele tirou a vida, pois ele nunca confessou essa quantidade. Cabe a nós imaginar o quanto daquelas pessoas que sumiram na Feira pararam no Castelo de H.H. Holmes e lá teve seu fim.

A história é bela, no que diz respeito aos detalhes e avanços arquitetônicos e cruel, em face ao assassino meticuloso que temos aqui. 
O Chicago Times-Herald adotou uma perspectiva mais ampla e disse o seguinte a respeito de Holmes: "Ele é um prodígio de perversidade, um demônio humano, um ser tão inconcebível que nenhum romancista ousaria inventar semelhante personagem. 
Holmes, em sua confissão, disse coisas de arrepiar, uma delas: 
"... minha cabeça e meu rosto estão assumindo aos poucos uma forma alongada. Acredito mesmo que estou ficando parecido com o diabo... e que a semelhança é quase completa".
Desculpem-me a resenha grande, mas  impossível falar desse livro em poucas palavras. A magnificência dele é algo que se deve expressar em longas frases. Sem mencionar a minha dificuldade de digerir toda a história e resumi-la aqui. Terminei no sábado e só hoje, quarta-feira, consegui por pra fora tudo que senti ao lê-lo. Dei quatro estrelas simplesmente porque pra mim, como leitora e não arquiteta, o autor se prendeu muito aos detalhes arquitetônicos. Parte disso pode ter sido pela dificuldade que se tem de achar a história real e completa desse Serial Killer que marcou a história dos EUA.

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2 comentários :

  1. nao achei tua resenha longa, achei ótima! rsrs e que bom q vc gostou do livro <3 agora quero resenha de flores partidas kkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Nossa, me apaixonei pelo livro só pela resenha!!

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