Autora: Caitlin Doughty
Editora: Darkside Books
Páginas: 260
Idioma: Português
Ano de Lançamento: 2017
Gênero: Não-Ficção/Biografia, Autobiografia, Memórias
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SINOPSE: Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto.
Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores.
O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.
Confissões do Crematório é uma biografia, mas que não tem cara de biografia. Parece sim, uma ficção mórbida sobre a morte e corpos, mas vai muito além disso. É a experiência sinistra e real da nossa protagonista e escritora Caitlin Doughty narrado de forma simples e as vezes até hilário.
Caitlin consegue um emprego em um crematório. Ela sempre teve uma queda pelo mórbido e pelos corpos e essa é uma oportunidade perfeita para entender de forma factual toda aquela curiosidade que vem carregando há anos.
Meu relacionamento com a morte sempre foi complicado. Desde a infância, quando descobri que o destino final de todos os humanos era a morte, o puro terror e a curiosidade mórbida lutavam pela supremacia na minha mente.
Não consigo descrever o quanto ler essa história foi prazeroso pra mim. Pode parecer mórbido, e é! Eu sempre tive uma certa curiosidade sobre a morte, corpos em decomposição, serial killers e psicopatas. E esse livro é um relato real e preciso de como a morte e o corpo deveriam ser vistos: de forma natural, já que a morte é a única certeza que todos nós temos na vida.
Aceitar a morte não quer dizer que você não vai ficar arrasado quando alguém que você ama morrer. Quer dizer que você vai ser capaz de se concentrar na sua dor, sem o peso de questões existenciais maiores como "Por que as pessoas morrem?" e "Por que isso está acontecendo comigo?". A morte não está acontecendo com você. Está acontecendo com todo mundo."
Além do dia-a-dia de uma funerária, enquanto crema corpos, Caitlin vai nos contando várias histórias sobre a morte e sobre cerimônias que são realizadas aos mortos desde o velório tradicional em que os corpos são embalsamados até ritos onde os corpos dos entes queridos são literalmente comidos.
Ela também faz uma reflexão crítica muito bem explanada sobre a forma como a morte é evitada a todo custo e o medo por trás dela. Ora, a morte é necessária, já que o mundo seria insustentável se ninguém morresse mais. Além disso, a forma como os corpos devem ser preparados como ditam a tradição também é discutido de um jeito que eu nunca vi antes: sensato e natural.
Eu me arrepio só de pensar no livro e reler algumas partes que marquei, porque são reflexões muito profundas e reais, que a gente tenta passar longe e fingir que não existe. Mas a morte é nosso futuro certo e se você quiser pensar mais sobre o assunto, leia esse livro. É impressionante.
Frases adicionais marcadas no livro:
Como disse Kafka: "O sentido da vida é que ela termina."
O corpo foi colocado em um caixão violeta e levado com os pés primeiro até as chamas. "E vejam, os pés explodiram milagrosamente em laços de uma chama linda de cor grená, sem fumaça e ansiosa, como línguas pentecostais, e quando o caixão inteiro entrou, ele se encheu todo de chamas; e minha mãe se tornou aquele fogo lindo."
Não é surpresa que o grupo de pessoas que tentam tão freneticamente aumentar nosso tempo de vida seja formado basicamente por homens ricos e brancos. Homens que viveram vidas de privilégio sistemático e acreditam que esta deve se estender para sempre. [...] "Já temos uma superlotação", falei. "Com tanta pobreza e destruição, não temos recursos para cuidar das pessoas que já estão aqui na Terra, então imagine se todo mundo viver para sempre! E sempre vão existir as mortes por acidente. Só vai ser ainda mais trágico para alguém que deveria viver até os trezentos anos morrer aos 22".
No momento, eu estava viva e com sangue escorrendo pelas veias, pairando acima da putrefação que existia abaixo, com muitos amanhãs em potencial na minha mente. Sim, meus projetos ficariam fragmentados e inacabados depois que eu morresse, Como não podia escolher como morreria fisicamente, só podia escolher como morreria mentalmente. Quer minha mortalidade me pagasse aos 28 ou aos 93 anos, fiz a escolha de morrer satisfeita, de seguir para o nada, com meus átomos se tornando a névoa que encobria as árvores. O silêncio da morte, do cemitério, não era uma punição, mas uma recompensa por uma vida bem vivida.
Essa mulher lacrou! E pra quem quiser seguir o canal dela no YouTube, ela sempre posta vídeos sobre esse tema. Só clicar aqui: Ask a Mortician.
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