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10 de fevereiro de 2018

#RESENHA - Me Chame pelo seu Nome por André Aciman

Título: Me Chame pelo seu
Autor: André Aciman
Editora: Intrínseca
Páginas: 288
Idioma: Português
Ano de Lançamento: 2018
Gênero: Romance/New Adult
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SINOPSE: A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.
Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.
Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.

Me chame pelo seu Nome vai ser narrado inteiramente pelo Elio, um adolescente de férias na Itália. O livro tem um tom lírico e quase não possui narrativas, sendo quase tudo interpretado a partir dos sentimentos do próprio Elio. 

Assim que Oliver chega para passar seis semanas, Elio se vê interessado em sua figura, mas acaba se sentindo retraído e enviando mensagens dúbias, culminando num início de relacionamento antipático, onde ninguém sabe como agir.

Apesar de estarmos falando de uma história acontecendo na década de 80, o relacionamento dos dois não foi descrita de forma escandalosa e nem sofrida. Elio é um personagem bissexual e na história seu personagem se envolve também com uma garota, descrevendo esse relacionamento de forma divertida e gostosa, enquanto encontra em Oliver um caso de amor inatingível. 
[...] embora todo o resto conspirasse para que fôssemos as duas criaturas mais opostas da Terra, ao menos transcendia todas as diferenças.

Esse é um ponto positivo, porque muitos livros LGBTQ acabam trazendo questões como aceitação e homofobia fortemente enraizadas, (o que claro, é normal, porque também é a realidade), mas as vezes a gente simplesmente quer ler um romance leve, que mostre a outra realidade em que o amor acontece e pode ser vivido livremente, sem esse peso do preconceito.

O envolvimento amoroso entre Oliver e Elio demora a acontecer, o que faz com que a gente se prenda à história e anseie por esse encontro. Mas antes desse amor, vem uma amizade muito linda regada à arte e literatura, dando à história um ar ainda mais poético. 
Mas, sentado ali, eu soube que estava experimentando a felicidade branda daqueles que são supersticiosos demais para declarar que talvez tenham tudo o que sempre sonharam, e gratos demais para não estarem cientes de que poderiam perder tudo em um piscar de olhos.
Não achei o livro perfeito, porém encontrei nele uma narrativa inesquecível. Me chame pelo seu nome é muito sensual e sexual, até porque como vemos tudo pelos olhos de Elio, apenas um adolescente na época em que a sexualidade está bem aflorada, é impossível não haver cenas explícitas. Muitas passagens não chegam a ser nítidas, repletas de detalhes, enquanto outras possuem um certo exagero e ao meu ver, poderiam não ter sido mencionadas.

Não posso deixar de mencionar também o pai de Elio, que no final do livro faz um monólogo muito emocionante, com palavras tão belas que tocam o coração. (Vou deixar o monólogo no final da postagem para quem se interessar possa ler. Lembrando que ele contém spoiler).
Parei por um instante. Se você se lembra de tudo, eu quis dizer, e se realmente gosta de mim, então antes de ir embora amanhã, ou quando estiver prestes a fechar a porta do táxi e já tiver se despedido de todos os outros e não houver mais nada a ser dito nesta vida, então, só desta vez, vire para mim, ainda que de brincadeira, ou como um adendo que significaria tudo para mim, e, como fez naquela vez, olhe nos meus olhos, sustente meu olhar e me chame pelo seu nome.

O Filme

Logo depois de ler o livro fui ver o filme, que ficou genial, diga-se de passagem. Ele conseguiu transmitir todos os sentimentos do livro para a tela de forma tão emocionante quanto. Acredito que um seja o complemento do outro.

A atuação de Timothée Chalamet está incrível e impecável - os olhos dele tão expressivos nos mostram seus sentimentos profundamente e a expressão corporal dele vai mudando conforme se sente mais à vontade com o Oliver. Armie Hammer também está espetacular. É maravilhoso a química que os personagens têm e ela é vista nitidamente ao longo do filme.


Enfim, eu adoro a temática LBGTQ e Me Chame pelo Seu Nome foi um dos livros que mais me emocionou e me excitou, trazendo para a história um amor de verão de forma sensual e lírica, capaz de emocionar como nenhum outro. 
Nós éramos um do outro, mas tínhamos passado tanto tempo separados que agora éramos de outras pessoas.

Transcrição do monólogo do pai do Elio no livro:
"Olha só. Vocês tinham uma bela amizade. Talvez mais do que amizade. E invejo vocês. No meu lugar, muitos pais esperariam que a coisa simplesmente sumisse, ou rezariam para que seus filhos se reerguessem logo. Mas eu não sou um desses pais. No seu lugar, se houver dor, cuide dela, e se houver uma chama, não a apague, não seja bruto com ela. Arrancamos tanto de nós mesmos para nos curarmos das coisas mais rápido do que deveríamos, que declaramos falência antes mesmo dos trinta e temos menos a oferecer a cada vez que iniciamos algo com alguém novo. A abstinência pode ser uma coisa terrível quando não nos deixa dormir à noite, e ver que as pessoas nos esqueceram antes do que gostaríamos de ser esquecidos não é uma sensação melhor. Mas não sentir nada para não sentir alguma coisa... que desperdício!"

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